quinta-feira, 10 de abril de 2014

Esquema de fuga ao IMI



Esquema de fuga ao IMI denunciado no Porto Santo
Chefe de Finanças acusado de ‘esquecer’ prédios da sociedade de desenvolvimento




Edifício dos serviços públicos ficou pronto em 2003 mas só foi inscrito na matriz em 2009. No intervalo livrou-se do IMI.

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O chefe do Serviço de Finanças do Porto Santo ‘esqueceu-se’ durante quatro a seis anos de proceder à inscrição na matriz predial de diversos prédios da Sociedade de Desenvolvimento do Porto Santo (SDPS), situação que beneficiou esta empresa pública e lesou a Câmara Municipal, pois evitou o pagamento de milhares de euros de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI). A denúncia parte de João Rodrigues, presidente da ComissãoPolítica local do CDS, que por entender que este comportamento foi “claramente uma infracção intencional”, fez uma participação à Polícia Judiciária e Ministério Público. A denúncia abrange esta e outras irregularidades.

O dirigente partidário aponta diversos casos de “infracções” com prédios da SDPS que, supostamente, visam promover uma fuga ao pagamento de IMI, visto que só após a inscrição na matriz é calculado o valor daquele imposto. OCentro de Artesanato ficou concluído em 2003 e apenas foi inscrito na matriz em 2007. O edifício do Penedo doSono e o estádio de Desportos de Praia do Porto Santo ficaram prontos na mesma altura, mas ainda hoje estão omissos na matriz. O Centro Cultural e de Congressos e Edifício de Serviços Públicos (onde funciona agora a Câmara) foram inaugurados em 2003 mas a sua inscrição na matriz só aconteceu em 2009. Neste último caso, o problema é mais grave, pois o Serviço de Finanças permitiu a inscrição da totalidade do prédio no nome da SDPS, quando a Câmara ainda é proprietária de um quarto do terreno.
João Rodrigues explica que o proprietário tem o dever de inscrever o prédio na matriz 60 dias após a conclusão da edificação do mesmo. Caso isso não aconteça, a lei determina que o chefe do Serviço de Finanças deve cumprir aquele procedimento oficiosamente. Aparentemente, tal não aconteceu no Porto Santo, correndo anos até à regularização da situação. O dirigente do CDS não acredita em distracções, até porque a ilha é pequena e seria impossível o chefe de Finanças não ter conhecimento da conclusão dos prédios.
O mesmo dirigente e autarca diz que já tentou alertar o actual presidente da Câmara para este problema, mas que Filipe Menezes de Oliveira não manifestou a mínima disponibilidade para abordar a questão.

Direcção Regional dos Assuntos Fiscais está a fazer Averiguações
O DIÁRIO colocou diversas questões ao director regional dos Assuntos Fiscais sobre este caso. João Machado resumiu tudo num comentário: “Todas e quaisquer questões no âmbito das atribuições da Direcção Regional dos Assuntos Fiscais são cabalmente apuradas e esclarecidas nos termos legalmente previstos para o efeito. Exactamente por isso, e porque são e serão sempre desenvolvidas todas as diligências necessárias para o apuramento de eventuais factos, estritamente, em rigor e com objectividade, não nos acomete sobre as matérias em apreço qualquer comentário, obviando-se assim às indesejáveis especulações que, voluntária ou involuntariamente, possam surgir extemporaneamente, prejudicando o normal curso de eventuais diligências. Por maioria de razão e eticamente, jamais emitiria publicamente qualquer comentário, circunscrito a um colaborador da Direcção Regional dos Assuntos Fiscais e relativamente ao exercício das suas funções, podendo apenas reiterar toda a minha consideração e apreço pelas qualidades profissionais e pessoais do Exm.º Chefe do Serviço de Finanças do Porto Santo, Senhor Francisco Sousa”.